quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Brothers e a História de Torres - RS


História

Torres é um dos núcleos mais antigos do Rio Grande do Sul. O primeiro navegador português a apontar em Torres foi Pedro Lopes de Sousa, por volta de 1531. Desembarcando no Boipetiba, atual rio Mampituba, fez registro dos indígenas no local. A região de Torres era inicialmente habitada por indígenas Carijós, Minuanos e Arachanes, que viviam da caça e pesca e se dedicavam a uma rudimentar agricultura.

Os índios Carijós, de Santa Catarina, e Arachanes do Rio Grande do Sul, que em seu comércio de trocas usavam uma picada, costeando os banhados dos sopés internos, começando na Praia Grande e indo até a Itapeva. Em 1500, estas trilhas, abertas em meio a matagais começaram a ser usadas também por paulistas, compradores de índios, que os levavam a São Paulo como escravos.

Entre os anos de 1600 a 1640, estima-se que viviam, no Sul do Brasil, cerca de quinhentos mil índios, que aos poucos foram desaparecendo por causa das doenças introduzidas pelo contato com o branco, escravidão e lutas tribais.

Através da documentação existente sobre os indígenas do litoral, sabemos que os Carijós eram dóceis e interesseiros. Por este motivo houve um comércio muito grande entre paulistas que viviam ao sul em busca de escravos, e os caciques. Entre os índios, os negociantes que ficaram mais famosos foram o cacique Tubarão, que deu origem à cidade de Tubarão, em Santa Catarina, e o cacique Maracanã. Aos poucos, a região foi ficando despovoada de índios. Sabe-se que, por volta de 1700, quando os lagunenses desceram pelo litoral, quase não encontraram índios.

Desaparecidos os índios, mantiveram-se os caminhos. Era o elo principal entre o resto do Brasil e os núcleos avançados do povoamento português, na Colônia do Sacramento (1679) e no presidio de Rio Grande (1737). Assim Torres assumiu a importante função de controlar a estratégica passagem, na qual foi instalado um posto fiscal que logo se transformou em Guarita Militar da Itapeva e Torres (entre 1774 e 1776).

Em março de 1777 foi erguido o Forte São Diogo, ocupando a plataforma baixa do Morro do Farol, aproximadamente onde agora está a Escola Cenecista Prof. Durban Ferraz Ferreira ou ligeiramente atrás. Esteve guarnecido poucos meses por tropas do Regimento de Santos, comandadas pelo alferes Manuel Ferreira Porto, considerado o fundador da cidade, e foi desocupado ao saber-se do armistício que garantia a retirada dos castelhanos que haviam invadido a Ilha de Santa Catarina, no começo daquele ano. O Forte São Diogo desmanchou-se com o tempo não deixando sinais.

Colonos e açorianos, vindos do Desterro (atual Florianópolis) e de Laguna (SC) começaram a instalar-se na região. Em 1809, Dom Diogo de Sousa, conde de Rio Pardo, primeiro capitão-mor da capitania de São Pedro do Rio Grande, mandou reforçar a Guarnição de Torres e autorizou a construção da capela de São Domingos das Torres, além de um presidio militar. Os trabalhos foram realizados por prisioneiros. Segundo o escritor Ruy Ruben Ruschel, a atual localização se deve ao sargento Manuel Ferreira Porto, Comandante da Guarnição, que em 1815 obteve a licença do Bispo Dom João Caetano Coutinho para edificar a capela no local. Os colonos a desejavam no Morro da Itapeva, mas ele mandou construi-la junto ao Posto da Guarda, atual Morro do Farol.

Em 5 dezembro de 1826 D. Pedro I passou pelo povoado a caminho do sul do país por motivo da Guerra Cisplatina. No dia 25 do mesmo mês e ano ele retornou, pernoitando novamente no complexo administrativo-militar da época, situado entre a igreja e o baluarte.

Os alemães chegaram em 1826 e foram separados, pelo comandante da fortaleza, conforme a religião que professavam: os protestantes formaram a colônia de Três Forquilhas. Os católicos, por sua vez, foram inicialmente para a estrada de Mampituba, depois junto ao Rio Verde e, finalmente, entre as lagoas do Forno e Jacaré, construindo a colônia de São Pedro de Alcântara. Por volta de 1830, famílias de origem italiana, vindas de Caxias do Sul, fixaram moradia no distrito de Morro Azul.

Em 1836, devido a Revolução Farroupilha, iniciada em 1835, Torres sentiu as dificuldades da guerra civil, que a deixou no mais completo abandono, prejudicando e recuando o desenvolvimento. No ano seguinte, através da Lei de 20 de dezembro de 1837, seria criada a Freguesia de São Domingos das Torres, 28ª da Província. O desenvolvimento da Freguesia deu-lhe o privilégio de ser elevada a categoria de Vila e Município, o que ocorreu em 21 de maio de 1878 pela Lei Provincial n.º 1152, dando-se a sua instalação a 22 de fevereiro de 1879.

Dentre as personalidades que deram forte impulso ao desenvolvimento de Torres, destaca-se quem lançou a "indústria turística", que dominou o cenário econômico local, da primeira até a segunda grande guerra: José Antônio Picoral. Filho da colônia São Pedro de Alcântara, tornou-se próspero comerciante em Porto Alegre, mantendo, porém, vínculo com a terra de origem. Depois de um frustrante veraneio em Tramandaí, Picoral decidiu transformar Torres, em uma moderna Estação Balneária e, em 1915, após entendimentos com João Pacheco de Freitas, Luiz André Maggi, Carlos Voges e outros torrenses, instalou seu Balneário Picoral, marco histórico da introdução do turismo em Torres.

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